"Não vou encher seu saco com a novelinha chata dos arranca-rabos eleitorais entre aliados do governador e da prefeita pela indicação de candidatos. Ali, tem faltado compostura tanto a quem bate quanto a quem apanha. Fui.
Enquanto eles se cospem e se beijam, sobra um espaço propício ao debate dos desafios da urbanidade que as demais forças não estão demonstrando interesse em ocupar, mesmo tendo já alguns candidatos declarados.
O momento é oportuno para refletir sobre temas de interesse comum como contraponto à arena de egos em que aliados do governador e da prefeita se devoram alheios àquilo que ao cidadão mais importa: viver melhor.
Não basta lançar candidatos com antecedência se, no day after, a visibilidade dos primeiros momentos se dissolve numa incapacidade de produzir fatos que mobilizem a atenção da opinião pública.
Definir um candidato não é o mais difícil. Desafio é massificar a informação e desenhar na cabeça do eleitor o posicionamento da candidatura, isto é, a que ela se presta como ato político. Nenhum deles tem feito o bastante.
Fato atenuante, a legislação eleitoral brasileira não prevê o instituto de pré-campanhas. Amarrados a normas rígidas – rigidez que reflete a inclinação cultural ao excesso – poucos recursos restam aos candidatos no período.
Contudo, alguns não se definem porque nãos lhes interessa fazê-lo agora. No exercício de mandatos, Inácio Arruda e Heitor Férrer bem poderiam aparelhar a tribuna parlamentar pra visibilizar o perfil de sua postulação.
Não o fazem porque, de fato, são candidatos sem suficiente autonomia, ambos dependentes, em peso e medida diferenciados, de decisões que serão tomadas por outras forças – o governador do estado, principalmente.
São candidatos já (nomes, pessoas), mas ainda não são candidaturas (posicionamento, propostas). A antecedência com que se lançaram é ainda inversamente proporcional à clareza de suas definições. Há dubiedades.
A antecipação de seus nomes se deu menos como tomada de posição diante de um quadro e mais como movimento tático de ocupação de espaços. Os produtos foram à venda sem esclarecer a que serviço se prestam.
Sintomático é que, mesmo com pouco tempo de televisão para propaganda, seus partidos não se apressam em conquistar o apoio de outras forças. Há nisso, além das dificuldades previsíveis, também um bocado de esperteza.
Sim, porque agregar aliados seria definir um perfil político – a candidatura – e perfil definitivo é tudo que os dois mais evitam no momento. Os produtos foram à venda sem os manuais de uso e os termos de garantia."
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sexta-feira, 30 de março de 2012
Candidatos, sim. Candidaturas, ainda não.
O escritor e publicitário Ricardo Alcântara, mais uma vez, nos brinda em sua "Pauta Livre", com texto bem escrito, leve e com assunto, como sempre, altamente atualizado. Como ele diz que seu "Pauta Livre é
cão sem dono. Se gostou, passe adiante", aqui estou eu, mais uma vez, brindando os ledores deste blog com mais este lúcido diagnóstico do atual momento politico de nossa Capital, onde os grandes caciques dessa história, estão igual aquela musiquinha do estica, encolhe, empurra e vai...
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