Especialista insistiu que o diabetes é um fator importante de risco cardiovascular
O primeiro estudo, denominado STAMPEDE, foi feito nos Estados Unidos com 150 pessoas em graus diferentes de obesidade e apresentado na conferência anual do American College of Cardiology (ACC, na sigla em inglês).
O segundo estudo foi feito na Itália com 60 diabéticos com sobrepeso ou obesidade e idades entre 30 e 60 anos.
Os dois testes clínicos foram publicados simultaneamente na versão digital da revista médica New England Journal of Medicine.
"Durante quase um século tratamos o diabetes com pílulas e injeções (de insulina) e o estudo STAMPEDE é um dos primeiros a demonstrar que a cirurgia bariátrica em alguns pacientes poderia ser muito mais eficaz do que os remédios", afirmou Philip Schauer, professor de cirurgia na Clínica Cleveland (Ohio, norte), que chefiou este teste clínico.
É chamado de cirurgia bariátrica o conjunto de intervenções cirúrgicas para tratar a obesidade.
O especialista também insistiu que o diabetes, uma verdadeira epidemia, é um fator importante de risco cardiovascular.
Para o estudo STAMPEDE, os 150 participantes, 66% deles mulheres, com idade média de 49 anos, foram divididos em três grupos.
O primeiro foi submetido a um tratamento médico intensivo que combinava exercícios, dieta e medicação.
O segundo grupo, além de tomar remédios contra a diabetes, foi submetido a uma cirurgia de 'bypass' gástrico, que implicou na redução do estômago a 2% ou 3% de seu volume original e na criação de um desvio no trato digestivo para diminuir a absorção dos alimentos.
O terceiro grupo, além de tomar medicação, foi submetido a uma gastrectomia para reduzir o volume do estômago entre 75% e 80%.
Um ano depois, os participantes que tinham sido submetidos a um ou outros procedimentos bariátricos tiveram de três a quatro vezes mais probabilidades de controlar seu diabetes do que o grupo de controle.
Além disso, os pacientes dos dois últimos grupos perderam muito mais peso e reduziram sua dependência em remédios contra o diabetes.
"A melhora entre os que se submeteram às duas intervenções cirúrgicas foi tão rápida que muitos pacientes poderão parar de tomar a medicação para diabetes antes de deixar o hospital", disse Schauer.
Segundo ele, este enfoque poderia representar grandes mudanças no tratamento de alguns pacientes diabéticos, muitos dos quais nunca conseguiram controlar a doença.
Os resultados do segundo estudo clínico, feito por Mingrone Geltrude, da Universidade Católica de Roma, também foram animadores.
Dois anos depois das intervenções, não se observou nenhum tipo de remissão do diabetes no grupo de controle. Ao contrário, 75% das pessoas que se submeteram à cirurgia de 'bypass' gástrico e os 95% que passaram por outros procedimentos cirúrgicos superaram o diabetes.
Para Schauer, os resultados sugerem que até mesmo os pacientes que são realmente obesos poderiam se beneficiar destas intervenções.
Mas, as cirurgias não são isentas de risco, continuou o especialista, destacando uma taxa maior de complicações nos dois grupos.
Em editorial publicado na revista científica The New England Journal of Medicine, Paul Zimmet, do Instituto Baker do Coração e do Diabetes de Melbourne (Austrália) disse que "estes dois estudos provavelmente revolucionem o tratamento do diabetes".
Fonte: O Dia on Line
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