quarta-feira, 28 de março de 2012

Deputado denuncia FCF por suposta combinação de resultados

Idemar Citó oficializou, na Assembleia, série de graves denúncias contra a Federação Cearense de Futebol, entre elas, desvio de verba pública, repasse de ingressos a cambista
 O deputado estadual e vice-presidente da Federação Cearense de Futebol (FCF) Idemar Citó apresentou ontem uma série de graves denúncias contra a FCF e, especificamente, seu presidente Mauro Carmélio. Citó cogitou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias. Segundo ele, há indícios de desvio de dinheiro, publicidade e direito de transmissão televisiva, além de arranjo de resultados para beneficiar apostadores.Segundo o parlamentar, denúncias dão conta de que a receita oriunda da venda de espaços para anúncios publicitários (as placas nos estádios) “entra no bolso de alguém”. Além disso, o repasse de R$ 100 mil da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também não entrou no caixa da associação. “É um absurdo um caso desses. Esse repasse não é contabilizado em sua totalidade.”
O deputado disse ainda que a FCF promove um esquema de venda de cortesias para partidas do Campeonato Cearense: a Federação estaria vendendo os bilhetes para cambistas. E ainda: há indícios de que jogos do Estadual tiveram seus resultados arranjados para favorecer apostadores. “Isso não é novidade no futebol brasileiro” – pontuou Citó. O parlamentar também disse que não se sabe o valor acertado pela Federação com as emissoras de TV, prejudicando, portanto, o pagamento aos clubes.
Um convênio firmado pela FCF com a Secretaria de Esporte de Fortaleza (Secel) também foi posto em xeque pelo parlamentar. A Federação não teria repassado o dinheiro que recebeu da Prefeitura para o fomento do futebol amador na Capital. “Até hoje eles não receberam um centavo sequer”, acrescentou. Para o deputado Heitor Férrer (PDT), os indícios já são suficientes para a abertura de uma CPI.
Idemar Citó ressaltou que não foi leviano ao denunciar Mauro Carmélio. “Tive o cuidado de analisar as denúncias uma a uma. Todos sabem do meu procedimento naquilo que critico. Como vice-presidente [da FCF], fui boicotado. Se eu tivesse assumido minhas funções, não iria compactuar com coisas que ali acontecem”, alegou. O parlamentar chegou a formar uma chapa de oposição e se candidatar à presidência da FCF no triênio 2010-2013. Contudo, por um acordo com os clubes, acabou concorrendo como vice de Carmélio. O deputado, no entanto, disse que foi isolado pela presidência e é impedido de desempenhar qualquer papel na associação. Ele sequer possui uma sala na sede.
FCF responde
Através de nota oficial, a Federação Cearense de Futebol repudiou as declarações de Idemar Citó, a quem chamou de “desinformado, claramente ávido pelo poder”. “[Idemar Citó], covardemente, se utiliza da imunidade parlamentar, inerente ao cargo público que ocupa, para proferir inverdades”, diz a FCF, que continuou: “levianamente acusou aqueles que fazem a FCF sem nenhuma prova ou indício de prova”.
Contratos de TV
(FCF] “[Foi] encaminhado via e-mail corporativo, aos clubes disputantes da primeira divisão do Cearense, desde maio de 2011, o contrato (...), bem como, o respectivo termo de adesão firmado pelos clubes”. O vice-presidente do Ceará, no entanto, sugeriu que o clube só teve acesso ao contrato quando pediu. “A gente não tinha assinado o contrato porque não o tínhamos visto. Depois, alguém nos deu, mas não foi de ‘prima’”. O Estado tentou entrar em contato com os presidentes do Fortaleza e do Horizonte, mas ambos não atenderam aos telefonemas.
Placas dos estádios
(FCF] “A comercialização das placas de publicidade se destina a complementar a receita dos clubes e da própria FCF, sendo firmado dentro da legalidade”.
Desvio de R$ 100 mil da CBF
[FCF] “Os balanços da FCF e da CBF podem comprovar que tal afirmação não passa de mais uma aleivosia do desinformado vice-presidente; Calma [Idemar]! Não tem tanto dinheiro assim”. Nota do editor: o último balanço da FCF, apresentado em 29 de março de 2011, não menciona em nenhum momento a CBF. A única receita não nominada no balanço é descrita como “outras despesas” e tem o valor de R$ 577,8 mil.
Repasse de ingressos a cambistas
[FCF] “É mentirosa, irresponsável e caluniosa a afirmação, porque o Estádio Presidente Vargas repassa direto aos clubes os ingressos e cortesias”.
Desvio de verba da Prefeitura
[FCF] “A FCF não tem, ou teve, qualquer convênio com Fortaleza, o Estado do Ceará ou o Governo Federal que importe na transferência de qualquer recurso público”.

(O Estado)

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