A Polícia Federal devolveu o Ministério do Trabalho às manchetes policiais. Levou ao asfalto, nesta segunda-feira (9), a OperaçãoEsopo. Batizada assim, com o nome do notável fabulista da Grécia antiga, a investigação revelou uma fábula extraordinária passada num país fabuloso. Uma fábula bem brasileira.
Os agentes da PF prenderam 22 pessoas em 11 Estados e no Distrito Federal. São suspeitas de desviar verbas da pasta do Trabalho. Por enquanto, farejou-se a malversação de R$ 55milhões. O dinheiro escoava por meio de convênios de fancaria firmados com uma entidade de nome pomposo sediada em Belo Horizonte: Instituto Mundial do Desenvolvimento e da Cidadania.
Assentado na Esplanada dos Ministérios, uma avenida que leva à Praça dos Três Poderes, o prédio que abriga a pasta do Trabalho foi varejado pela PF. Recolheram-se documentos. Tentou-se cumprir uma ordem de prisão contra Anderson Brito Pereira, assessor do ministro Manoel Dias (PDT). Ele não foi encontrado em seu gabinete. Está foragido.
Segundo homem na hierarquia da pasta, o secretário-executivo Paulo Roberto Pinto foi informado de que a Justiça ordenara o seu comparecimento à superintendência da PF em Brasília. Recusando-se, seria conduzido coercitivamente. Preferiu não arriscar. Depois da inquirição, sob atmosfera de densa anormalidade, o depoente voltou a despachar normalmente em sala contígua à do ministro.
Sob comando do PDT desde Lula, o Ministério do Trabalho ganhou o noticiário policial na época em que o ministro era Carlos Lupi. Mantido no posto sob Dilma Rousseff, Lupi foi varrido numa fase em que a presidenta decidiu fazer pose de faxineira. Acomodou-se na poltrona o deputado Brizola Neto, do pedaço do PDT que se opõe à liderança de Lupi.
Neste ano pré-eleitoral de 2013, a necessidade de manter o PDT na sua coligação levou Dilma a flexibilizar os seus padrões éticos. Rendida à evidência de que Lupi dá as cartas no partido, a ex-faxineira devolveu o controle do Ministério do Trabalho ao grupo do ex-detrito. Assim, a nova fábula da Esplanada expõe um país que convive com muitos pecados, nenhum deles original.
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