segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Quem não tem dinheiro procura clínicas populares como alternativas para fugir do SUS

“Não posso perder tempo, na fila do SUS, e nem acordar de madrugada para ser atendida em um dos postos de saúde do meu bairro”, a declaração é da vendedora Ana Luíza Batista, 35 anos, ao procurar uma das centenas de clínicas populares localizadas no Centro de Fortaleza. Sem ter plano de saúde, Luíza, que está grávida de seis meses, admite fazer parte de uma parcela da população, que procura as clínicas populares, pelo fato de “não mais aceitar a precariedade dos serviços do SUS [Sistema Único de Saúde], e nem dos preços abusivos dos planos de saúde”.
Em Fortaleza, as clínicas populares cobram em média cerca de R$ 70,00 por consultas, para exames rotineiros, como, ultrassom abdominal. Em alguns estabelecimentos, o preço é inferior chegando a custar R$ 60,00. Devido à lacuna gerada pelo SUS, e com o advento da ascendência das classes sociais C e D, as clínicas seguem, diariamente, lotadas. Celeridade, nos atendimentos e no resultado dos exames, são exemplos de benefícios apontados pelos clientes.
DEMANDA
O autônomo João Bosco Damasceno, 42 anos, que aguardava sua esposa ser atendida em uma das clínicas, localizada na Avenida Senador Pompeu, próximo à Santa Casa de Misericórdia, declarou que buscou o estabelecimento, por não ter tido êxito nas diversas vezes em que ele e sua esposa procuraram atendimento em um Posto de Saúde, localizado no Bairro Álvaro Wayne.
“Os governos deveriam nos dar uma boa estrutura, nos postos, nos hospitais. Já pagamos tantos impostos, mas nada funciona, então temos que gastar mais dinheiro, para não ficarmos à míngua”, desabafou.
Já a assistente social, Giovane Oliveira, 34 anos, que também aguardava atendimento na mesma clínica, alertou: “As pessoas precisam tomar cuidado ao procurarem esses estabelecimentos, alguns são clandestinos, e o que é para fazer o bem, pode nos retirar a vida”, disse, ressaltando a importância das pessoas procurarem o histórico das unidades.
OFERTA DE SERVIÇO
Devido à procura, a cada dia, mais clínicas são implantadas na Capital. O cardiologista Michel Albuquerque, junto com outros sócios, decidiram investir na ‘Clínica Nova’, também localizada no Centro de Fortaleza. Ele conta que após dois meses de inaugurado, o estabelecimento já realizou mais de três mil procedimentos. “Com a dificuldade de se chegar à Saúde, devido o caos do SUS, além dos altos preços das consultas particulares, vimos que haveria a possibilidade de oferecer serviços de qualidade, a preços relativamente em conta”, afirmou, realçando que “a ideia é prestar um serviço humanitário, atencioso, mas com qualidade acima de tudo”.
Albuquerque também reverberou a deficiência do SUS. “O grande problema é a grande demanda de doentes. Você não tem a capacidade de atendê-los. Não adianta você trazer mais médicos, se você não consegue fazer os exames”, criticou, relatando que o Sistema não consegue mais suprir as necessidades da população que cresceu. “Falta equipamentos, médicos, remédios e agilidade, gerando um incômodo na população, que passa a procurar alternativas”, disse.
LEGALIDADE DAS CLÍNICAS
No que diz respeito à funcionalidade das clínicas, o 1º secretário do Conselho Regional de Medicina (Cremec), Dalgimar Bezerra de Menezes, afirma que o Cremec não tem nada contra, entretanto, elas necessitam estar registradas no Conselho. Não havendo esse cadastro, as unidades são consideradas clandestinas. “Além disto, Bezerra de Menezes ressalta que “é preciso que as clínicas populares cobrem um preço acessível, que se compare a um preço de um procedimento do SUS”. 
(Com O ESTADO)

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