CARLOS CHAGAS
LULA E DILMA EM CAMPOS OPOSTOS?
É preciso saber se foi isolada a opção da presidente Dilma por dois palanques, ou seja, dois candidatos ao governo de São Paulo. Alexandre Padilha, do PT, e Paulo Skaf, do PMDB, acabam de ser recomendados por ela. Se a moda pega no Rio, onde Luiz Fernando Pesão e Lindbergh Farias se estranham, ficará difícil evitar que em outros estados aconteça o mesmo.
A grande pergunta, no entanto, é outra: terá o ex-presidente Lula concordado com a sucessora? Parece que não. Ele e a maioria dos companheiros discordam dessa arte de repartir convicções.
No caso de São Paulo, se não há indignação no PT, é quase isso. De quem Paulo Scaf vai tirar votos, senão de Alexandre Padilha? A estratégia da presidente sugere que os dois candidatos levariam a eleição para o segundo turno, impedindo a vitória do governador Geraldo Alckmin no primeiro. Pode ser, mas quem garante?
Sabe-se que o ex-ministro da Saúde não gostou nem um pouco, apesar de manter-se por enquanto calado. Já sofreu quando teve seu nome ligado ao deputado André Vargas e ao doleiro Youssef. Esse segundo safanão deixou-o exasperado.
Também despertou duvidas outra consideração de Dilma em seu jantar com os cardeais do PMDB: por que considerar como definitiva a presença de Geraldo Alckmin no segundo turno? Essa previsão parece óbvia, mas reconhecê-la de público foi temerário. Em especial quando a presidente sustentou a importância de derrotar os tucanos em São Paulo, como se eles já estivessem vitoriosos. Raramente dá certo entrar em campo numa partida de futebol com o adversário, antes do apito inicial, começa ganhando por um gol…
ELOGIOS EM DEMASIA
Nesse estranho jantar da presidente com o PMDB, também não deu para entender o elogio feito ao líder Eduardo Cunha, “que em muitas circunstâncias ajudou bastante o governo”. O diabo é que em muitas outras, o deputado prejudicou demais o palácio do Planalto. Considerado o inimigo número 1 até semanas atrás, terá agora virado amigo inseparável por conta de ameaças de apoiar Aécio Neves? Jader Barbalho e Roberto Requião também foram agraciados com palavra carinhosas. Algo de inusitado anda acontecendo. (Diário do Poder)
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Aí eu digo:
Eu fico vendo esses comentaristas políticos falando um monte de bobagens e fico me questionando se é de propósito pra incutir na cabeça das pessoas ideias falsas ou se é porque perderam mesmo a forma. O Carlos Chagas ganha a vida com isso há décadas e se sair com uma dessas é espantoso.
Dizer que Dilma vai apoiar duas candidaturas em São Paulo, a do Padilha e a do Skaff à revelia de Lula e a contragosto deste e que o Skaff tira votos do Padilha é de uma tolice a toda prova. Qualquer pessoa que assistiu ao discurso do Lula durante o Encontro Nacional do PT, que ocorreu recentemente, sabe que essa é uma estratégia do próprio PT, ou seja, que Dilma, como candidata à reeleição tenha o máximo de palanques possíveis e que, nesse caso, ela apoiará todos os candidatos que a apoiarem, mas que Lula deixou muito claro que ele, como figura pública máxima do PT, só fará campanha para o candidato do PT.
E outra, é claro que o eleitorado do Skaff é um leitorado conservador, ligado ao empresariado e que tira muito mais votos do Alckmim do que do Padilha. Se a ideia é garantir um segundo turno, do ponto de vista da estratégia meramente eleitoral, não há como se concordar com a análise do Chagas.
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