Dilma não está envolvida na Lava Jato e não orienta investigações, diz Cardozo
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira (15) que tem "certeza" que a presidente Dilma Rousseff (PT) não está envolvida em casos de corrupção. "Eu tenho absoluta certeza de que nenhum fato relacionado a desvio de dinheiro público, corrupção e improbidade chegará próximo à presidente Dilma Rousseff", afirmou Cardozo. A declaração foi feita durante seu depoimento junto à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras na Câmara dos Deputados.
Apesar de não estar sendo investigada pela operação Lava Jato, Dilma teve as contas de sua campanha à reeleição colocadas sob suspeita.
Depoimentos de delatores do esquema indicam que parte das doações legalmente feitas por empreiteiras ao PT teria origem no superfaturamento de contratos dessas empresas junto à Petrobras. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) apura as possíveis irregularidades. Uma eventual rejeição das contas de Dilma poderia abrir o caminho para a sua cassação. O ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, está entre os presos da operação Lava Jato. Ele responde a processos por lavagem de dinheiro, corrupção e lavagem de dinheiro.
Cardozo usou boa parte de seu depoimento para defender a presidente. "Conheço a presidente há muitos anos. Tenho orgulho de conhecê-la. É uma pessoa de honestidade inatacável. Todas as pessoas têm defeitos, virtudes. Não está entre os defeitos da presidente Dilma Rousseff a desonestidade", afirmou.
O titular da Justiça disse ainda que nunca recebeu orientação da presidente para prejudicar as investigações conduzidas pela Polícia Federal. "Tenho muito orgulho de jamais ter recebido da presidente da República, jamais, qualquer orientação para obstasse, prejudicasse, desviasse as investigações que estão sob o meu departamento sendo conduzidas", disse Cardozo.
Cardozo foi convocado a depor na CPI para falar sobre os grampos encontrados na sede da Polícia Federal em Curitiba. Uma escuta foi encontrada na cela em que o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava Jato. Uma sindicância da PF concluiu que as escutas estavam inativas, mas dois agentes da PF disseram à CPI que elas estavam ativas e foram instaladas sem decisão judicial.
O ministro disse ainda que se sente "amparado" por Dilma para continuar no cargo. "Posso dizer que me sinto plenamente amparado pela presidente da República para prosseguir na mesma luta que registrei quando era vereador de São Paulo", disse Cardozo, referindo-se ao período em que presidiu a CPI da Máfia das Propinas, que investigou casos de corrupção na Prefeitura de São Paulo na década de 90.
Cardozo falou ainda sobre as informações que circularam sobre sua possível saída do ministério sob a alegação de que ele estaria "cansado" e negou que esteja pensando em deixar o cargo.
"Eu disse a amigos que me sinto cansado por um motivo muito simples. Eu sou o ministro [da Justiça] que mais tempo permaneceu no cargo no período democrático. E acho que cargos públicos muitas vezes têm fadiga de material. Eu estou no cargo porque acredito na presidenta [Dilma]. Acredito no seu projeto. No dia em que ela não quiser mais que eu fique, ou que eu não achar que posso contribuir, saio", afirmou.
A operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção junto à Petrobras. Segundo as investigações, contratos da estatal com grandes empreiteiras eram supefaturados e parte do dinheiro era repassado a políticos e partidos. Em março de 2015, a PGR (Procuradoria Geral da República) pediu a abertura de inquérito contra 47 políticos. Entre eles estão os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Entre os partidos que seriam beneficiados pelo esquema estariam o PT, PMDB e PP.
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