sexta-feira, 31 de julho de 2015

Cartão de crédito: Quem não tiver controle se ferra

Juros do cartão chegam a 372% ao ano
Os juros das principais modalidades de crédito bancário continuaram a subir em junho, segundo dados apresentados pelo Banco Central, (BC) ontem. A taxa média do cartão de crédito – líder na preferência dos brasileiros – teve uma elevação bastante significativa de seus juros. No caso do rotativo do cartão alcançou 372% ao ano (a.a.). Em igual período do ano passado, a taxa era de 308,3%. Entre todas as linhas de crédito bancário, o rotativo é a mais cara para o consumidor.
Já a média do cheque especial foi de 241,3% a.a., sendo esse resultado o pior desde dezembro de 1995, quando registrou 242,23%. De acordo com a série histórica da autoridade monetária, o maior valor para o cheque especial desde o Plano Real são os 294% ao ano, de julho de 1994, início da pesquisa mensal de crédito da instituição. No período, a alta dos juros ficou concentrada no segmento de pessoas físicas, sendo que as taxas para esse segmento avançaram 0,7 ponto percentual, para 35,5%, novo recorde. Para as empresas, a taxa subiu 0,4%, para 19,2%.
Balanço
Considerando todas as modalidades de crédito para pessoas físicas, a taxa média de juros em junho atingiu 58,6% ao ano, ante 57,3% registrados em maio. É a maior média da série histórica do BC, iniciada em março de 2011. A inadimplência do consumidor se manteve estável, em 5,4%. Já os atrasos de 15 a 90 dias, que funcionam como um indicador prévio do calote avançou 0,1% no mês, chegando a 5,5% do total de créditos contratados.
De acordo com o Banco Central, no caso das operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado), a taxa média cobrada pelos bancos somou 111,9% ao ano em junho, contra 111,3% ao ano em maio. Nesse caso, houve uma alta de 0,6 ponto percentual. Ainda segundo o BC, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas operações do crédito consignado (com desconto na folha de pagamento) somou 27,3% ao ano em junho - patamar semelhante ao de maio. É a taxa mais alta desde abril de 2012 (27,5% a.a.), e permanece sendo uma das linhas de crédito com menor taxa de juros do mercado.
Segundo o BC, a taxa média de juros para aquisição de veículos por pessoas físicas, por sua vez, somou 24,7% ao ano em junho, contra 24,8% ao ano em maio deste ano. Para as empresas, o juro das operações com recursos livres saiu de 26,9% para 27,5%. Já o juro médio total com recursos livres subiu de 42,5% ao ano, vistos em maio, para 43,5% no mês passado.
 Novos créditos
No mês passado, foram contratados R$ 86,9 bilhões em operações de crédito para pessoas físicas, queda de 1,2% em relação ao mês anterior. Já o estoque cresceu 0,7%. Considerando o total de crédito, houve crescimento de 0,6%. Na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto), o estoque de crédito avançou de 54,4% para 54,5% entre maio e junho. O percentual permanece abaixo do registrado no final do ano passado (54,7%). O crédito livre cresce a uma taxa de 5% em 12 meses. Já as operações com juros e direcionamento controlados pelo governo, que incluem BNDES e crédito imobiliário, cresceram 13% na mesma comparação.
O relatório do BC revela, ainda, que o custo médio do dinheiro subiu 3,7 pontos percentuais nos últimos 12 meses. O aumento dos juros bancários acompanha a alta da taxa básica da economia (Selic), fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias – sendo que, desde outubro do ano passado, o BC vem subindo os juros sucessivamente. Naquele momento, a taxa estava em 11% ao ano e, no fim de maio último, já havia avançado para 13,75% a.a., um aumento de 2,75%. Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira mais intensa. Como a autoridade monetária elevou, mais uma vez, a Selic, o preço do dinheiro deve continuar a subir.
Aumento dos juros vai frear o consumo
O aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,5% ponto percentual, passando de 13,75% para 14,25% ao ano, segundo decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), deverá frear ainda mais o consumo das famílias e crescimento da economia brasileira. A opinião é do presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), empresário cearense Honório Pinheiro. A sétima elevação consecutiva atingiu o maior patamar desde julho de 2006, quando estava em 14,75% a.a.. A autoridade monetária também indicou que os juros devem apresentar as mesmas condições, nos próximos meses, como medida para reter a inflação.
Para Honório Pinheiro, a elevação dos juros em 0,5% não será capaz de resolver o aumento dos preços. “O Governo já vem realizando alguns ajustes, mas mortificar a atividade econômica, o consumo e os setores produtivos, não será a solução. O aumento da taxa vai reduzir ainda mais a expansão de crédito e a geração de empregos”, afirmou. O aumento dos juros básicos acontece em um período no qual a economia apresenta baixo nível de atividade, com altos índices de desemprego e PIB encolhendo. Porém, a estimativa é que os juros comecem a cair no próximo ano. “O País, agora, deve se movimentar para aprovar a jornada flexível de trabalho e fazer um sacrifício político para reduzir a alta carga tributária que assola comerciantes e é repassada aos consumidores”, concluiu Pinheiro.

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