Cunha diz que vai retaliar governo se for
denunciado na Lava Jato
Segundo
reportagem da Folha, presidente da Câmara avisou ao correligionário Michel
Temer que instalará CPIs prejudiciais ao governo, como a que investigaria o
BNDES. Denúncia contra deputado pode sair nos próximos dias
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Quem avisa... Cunha quer CPIs prejudiciais ao governo caso denúncia
contra si seja confirmada
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-AL),
admitiu reservadamente a aliados que espera ser denunciado pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com os novos desdobramentos da
Operação Lava Jato, que desvendou esquema bilionário de corrupção na Petrobras.
Mas, uma vez formalizada a denúncia, que pode transformá-lo em réu no Supremo
Tribunal Federal (STF), Cunha diz que vai retaliar o governo com ações que
podem pôr em risco a governabilidade – e até levar ao impeachment – da
presidenta Dilma Rousseff. As informações são do jornalFolha de S.Paulo, que lembra ser o peemedebista o responsável pela
admissão de um eventual pedido de impedimento presidencial, tramitação que tem
início na Casa legislativa.
Ontem (terça, 14), Cunha fez uma advertência ao vice-presidente da
República e articulador político do governo, Michel Temer, como que a mandar um
recado para Dilma. O deputado disse ao colega de partido que instalará
comissões parlamentares de inquérito (CPI) prejudiciais ao Planalto no retorno
do recesso parlamentar, em agosto. Denúncias sobre o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDES) e alguns fundos de pensão estariam entre as
possibilidades de CPI na Câmara.
“Preocupado, Temer conversou com o ministro da Casa
Civil, Aloizio Mercadante, que procurou o presidente da Câmara para rechaçar
qualquer tipo de interferência do governo na Lava Jato. Cunha, no entanto, tem
dito a aliados que, com a denúncia, vai ‘aumentar a pressão’ sobre o governo”, diz
trecho da reportagem, assinada pelos
repórteres Valdo Cruz e Andréia Sadi.
Tanto para Cunha
quanto para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), a investigação que
os envolve é obra do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Os
peemedebistas reclamam da não interferência do Planalto para impedir que ambos
fossem alvo de inquérito na Lava Jato. A denúncia de Janot é esperada para os
próximos dias, com base em delação premiada do executivo Júlio Camargo ao
Ministério Público Federal. Camargo é lobista da empresa Toyo Setal, que compõe
o grupo de empreiteiras que fraudavam contratos com a Petrobras e pagavam
propina a políticos e diretores da estatal para manter o esquema em
funcionamento.
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