Controladoria pede expulsão de oficial da PM por estupros
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança
Pública e Sistema Penitenciário (CGD) espera, desde novembro do ano passado,
que o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) decida pela expulsão de um tenente da
Polícia Militar. Uma investigação da CGD concluiu que o oficial estuprou uma
garota e abusou outra, em 2013. O mesmo policial está sendo investigado em um
terceiro caso de estupro.
Diferente dos praças (soldado, sargento e suboficial), que
podem ser excluídas da PM após conclusão do processo administrativo na CGD,
oficiais têm a prerrogativa de esperar julgamento do Pleno do TJCE. Enquanto
isso, o tenente foi afastado preventivamente das funções e teve recolhidas
arma, carteira funcional e farda.
Segundo conclusões do Conselho de Justificação, o oficial da
PM raptou, em 21/4/2013, uma moça que se dirigia do bairro da Parangaba para ir
ao trabalho, em Messejana. Foi por volta das 5h20min, após o militar abordá-la
numa parada de ônibus. A vítima contou que o policial, após ouvi-la repetir que
não queria carona, sacou de uma pistola e a forçou entrar em um Polo sedam. “Se
você não entrar, você morre”.
Daí, de acordo com o processo da CGD, os dois seguiram em
direção à Messejana. No caminho, o militar, depois de fazer várias perguntas
sobre a vida pessoal da garota, pediu a ela que fizesse sexo oral. Com a
recusa, ele a obrigou apontando a arma para a cabeça dela.
Em vez de Messejana, o tenente teria desviado a rota até a
lagoa do bairro do Mondubim. Lá, veículo parado, insistiu para que ela transasse
com ele. “Pela terceira vez o acusado sacou a arma e encostou o cano à cabeça
da declarante e disse mais uma vez que se ela não fizesse, ele a mataria”.
Obrigada a transar com o policial, a vítima ouviu do
estuprador “que a partir daquela data ele estaria no mesmo local e a pegaria
para praticar sexo, e em seguida a levaria para o trabalho”.
Durante o estupro, revela a vítima, uma viatura do Ronda do
Quarteirão encostou paralelo ao carro onde se dava o crime. Sob ameaça, ela
ouviu do tenente que ficasse quieta, pois os policiais não desceriam do veículo
de patrulha. O que aconteceu.
Após o estupro, o militar a levou para o endereço onde ela
trabalhava e “foi conversando como se nada tivesse acontecido”. Apenas fez um
alerta para que não procurasse a polícia para denunciá-lo, caso contrário a
mataria.
Diferente de muitas vítimas, apesar de traumatizada, a moça
foi ao 19º Distrito Policial (Conjunto Esperança) e registrou um Boletim de
Ocorrência. Fez mais, passou o número da placa do carro do estuprador. Em
princípio errada. Semanas depois, após avistar veículo semelhante quando
esperava por um ônibus em frente a uma igreja na avenida Osório de Paiva,
forneceu a nova placa.
Para surpresa da garota, o inspetor que cuidava do caso
revelou que o proprietário do Polo com aquela placa, era um oficial da PM. E,
por meio de um familiar, “soube que um tenente havia sido preso por conta de um
estupro, no dia 14/5/13 (um mês depois de ser abordada na Parangaba), e que o
veículo citado na reportagem conferia com o mesmo no qual a declarante havia
sido abusada” (lei matéria ao lado). Na delegacia, a vítima reconheceu o
estuprador.
O POVO não colocou ainda o nome do tenente, apontado pela
CGD como estuprador, porque aguarda o julgamento do caso no Tribunal de
Justiça. (O POVO Online)
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