O musical “Gonzagão, a Lenda”, idealizado pela produtora
Andréa Alves, com texto e direção de João Falcão, é uma homenagem ao grande
ícone da cultura brasileira. Há um ano em cartaz e com diversos prêmios e
lindas críticas na bagagem, o espetáculo foi visto por cerca de 65 mil pessoas
no Rio de Janeiro e em São Paulo e foi vencedor do Prêmio Shell de Teatro 2012
de Melhor Música; do 7º Prêmio APTR de Melhor Produção; e do Prêmio FITA 2013
nas categorias Melhor Espetáculo (Júri Popular), Melhor Direção e Melhor
Figurino.
Sobre o espetáculo
Oito atores e uma atriz se revezam no palco em uma viagem
musical pela trajetória do Rei do Baião. Como em qualquer história de homem que
vira mito, a vida de Luiz Gonzaga tem passagens em que as versões de seus
biógrafos não convergem, em que realidade e fantasia se confundem. Mas o autor
e diretor João Falcão se sentiu livre para tratar mais do mito do que do homem.
“É a história de Luiz Gonzaga, mas não é Wikipédia”, diz
Falcão, que evitou qualquer didatismo na construção do texto, embora tenha lido
vários livros sobre um dos artistas mais importantes da música brasileira,
morto em 2 de agosto de 1989, cujo centenário de nascimento foi comemorado em
dezembro de 2012.
A opção por uma abordagem teatral, não enciclopédica, fica
explícita logo no início da peça, quando uma trupe se apresenta para contar a
“lenda do Rei Luiz”. Os atores desta trupe anunciam que encenarão uma história
iniciada “no sertão do Araripe lá pelos idos do século XX”. As referências são
maciçamente nordestinas, sobretudo pernambucanas.
Luiz Gonzaga nasceu no município de Exu, de onde saiu aos 17
anos para ganhar o mundo. João Falcão também é de Pernambuco, da cidade de São
Lourenço da Mata. “A festa mais importante da minha casa era a de São João, e
São João era Luiz Gonzaga. Ele era patrimônio do povo, mais do que qualquer
outro artista. Poucas músicas que estou usando no espetáculo descobri agora. A
maioria eu sabia de cor, já sabia tocar”, conta ele, que também é compositor.
Na história do rei do baião, João Falcão se permitiu
rebatizar duas mulheres importantes da vida do músico, Nazarena (o primeiro
grande amor) e Odaléa (a mãe de Gonzaguinha) como Rosinha e Morena,
respectivamente, nomes que aparecem em músicas do compositor. E ainda se
permitiu criar um encontro que nunca aconteceu: Luiz Gonzaga e Lampião, dois
mitos nordestinos.
Também há espaço para se falar da originalidade de Gonzaga,
um artista que, a partir dos ensinamentos de seu pai, Januário, criou em sua
sanfona um gênero, o baião, e o transformou em sucesso e patrimônio nacionais.
Dentre as cerca de 40 canções que estão no espetáculo há sucessos como “Cintura
fina”, “O xote das meninas”, “Qui nem jiló”, “Baião”, “Pau-de-arara” e sua mais
célebre criação, “Asa branca”.
De acordo com a linha não dogmática de todo o espetáculo, o
musical não ficou preso à estrutura básica do forró, que é
sanfona-triângulo-zabumba. No conjunto dos quatro instrumentistas virtuoses que
atuam no palco, há, além do sanfoneiro (Rafael Meninão) e do percussionista
(Rick De La Torre), um violoncelista (Daniel Silva) e um rabequeiro e violeiro
(Beto Lemos).
Os arranjos de todas as músicas foram elaborados pelos
quatro músicos, que por conta da longa temporada estão em grande sintonia e
presenteiam a plateia com improvisos em todas as apresentações, um privilégio
para o espectador e uma renovação diária para a montagem. Beto Lemos rouba a
cena em “Assum Preto”, em um solo de rabeca que já foi aplaudido durante cinco
minutos em cena aberta.
SERVIÇO
Musical Gonzagão – A Lenda
Quando: dias 21 e 22, às 20h e dia 23, às 19h
Onde: Anfiteatro do Dragão do Mar
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia)
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