sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Esvaziamento do Congresso Nacional

MAIS UM PAPELÃO NO SENADO
Carlos Chagas

Na tarde de terça-feira 68 senadores acusaram presença na sessão deliberativa encerrada às 19 horas, mas quando se dirigiram ao plenário da Câmara, para reunião conjunta do Congresso Nacional, apenas 15 compareceram. Eram necessários 41 para iniciar a apreciação do veto aposto pela presidente Dilma ao projeto de criação de 180 novos municípios. A conclusão é de que 53 senadores escafederam-se. Perderam-se nos corredores do Legislativo, foram para casa ou jantaram antes da hora, nos restaurantes de luxo de Brasília.
O resultado foi que não havendo votação entre os senadores, automaticamente ficou suprimida a votação entre os deputados, que deveria seguir-se. Na Câmara, o quorum era de 379, sendo que bastariam 257 para apreciar o veto, calculando-se que pelo menos 200, inclusive de partidos da base oficial, votariam contra a decisão da presidente Dilma.
De todos esses números sobrou inequívoco mau cheiro, porque o veto seria derrubado e os novos municípios criados, beneficiando em especial os estados do Norte, onde muitas vezes distritos são separados da sede de seus municípios por 500 e até mil quilômetros, merecendo, assim, tornar-se independentes.
Foram os senadores governistas os responsáveis pela monumental garfada nas tendências da maioria parlamentar. Para agradar a presidente faltaram ao dever principal que é exercer o respectivo mandato. Votar em favor do governo é um direito do qual abriram mão pelo artifício de não votar, coisa que contraria a mais simples das regras da democracia. Serão compensados, é claro, mas a ninguém será dado contestar que fizeram um papelão. Com o PT à frente, inverteram a equação,apoiados pelos colegas do PMDB, quase todos, bem como dos demais penduricalhos.
Eis uma evidência a mais de como se faz a má política no Congresso. Um artifício regimental, com os partidos entrando em obstrução, mesmo os governistas, salvou a apreciação do veto, que ficou para daqui um mês. Até lá o palácio do Planalto inventará novas firulas para não deixar que Dilma seja derrotada. Provavelmente mobilizando seus senadores para outra sessão de ausências. Enquanto isso, são prejudicados estados do Norte, onde as distâncias travam o desenvolvimento.
O pretexto para o veto foi a necessidade de evitar aumento de despesas. Há controvérsias, depois que bilhões dos cofres públicos tem sido gastos na construção de monumentais estádios de futebol.
ELES TEM, NÓS NÃO TEMOS

Em recente entrevista o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, contesta a generalização de que todos os Brics se equivalem. Não é verdade, porque Rússia, Índia e China possuem a bomba atômica e dispões de submarinos nucleares, além de já terem iniciado incursões pelo espaço. Quanto a nós…

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