quarta-feira, 12 de junho de 2013

Aumento de R$ 0,20 na passagem obriga paulistanos de baixa renda a pular refeições78


Gil Alessi, Do UOL, em São Paulo


  • Gil Alessi/UOL
    O gari Célio Ferreira, 35, que deixa de se alimentar e comprar água para pagar a nova tarifa dos transportes
    O gari Célio Ferreira, 35, que deixa de se alimentar e comprar água para pagar a nova tarifa dos transportes
O reajuste de R$ 0,20 no preço da tarifa dos transportes públicos na cidade de São Paulo pode parecer muito pequeno para muitas pessoas, mas obrigou a alguns paulistanos de baixa renda a deixar de fazer refeições e a arranjar "bicos" para conseguir pagar o novo valor das passagens.
O trabalhador que recebe um salário mínimo do Estado de São Paulo (um pouco mais alto do que o nacional: R$ 678) --R$ 755-- e utiliza um ônibus e um metrô para ir e um ônibus e um metrô para retornar do trabalho terá gasto, ao final do mês, R$ 200, mais de 26% do total de sua renda.
"Além de trabalhar como cuidadora 26 dias por mês, ainda chego em casa e preciso fazer bordados e crochê em panos de prato para complementar a renda", afirmou Humbertina Lima da Silva, 47, nesta quarta-feira (12), na praça da Sé, região central da capital, onde ontem ocorreu um enfrentamento entre a polícia e manifestantes que pediam a redução das tarifas.
Humbertina, que ganha pouco menos de mil reais por mês e mora em Mogi das Cruzes, estima em R$ 50 o valor adicional gasto com transportes após o aumento da passagem. "Por isso os protestos pela redução são importantes", diz.
A estudante e auxiliar administrativa Caldineya Oliveira Santos, 23, afirma que deixou de se alimentar entre o almoço e a hora em que chega em casa da faculdade. "Almoço no trabalho, por volta do meio-dia, e depois só como lá pelas 23h. Meu salário de R$ 900 não permite que eu pague R$ 3,20 no transporte e me alimente direito", diz.
Para o gari Célio Ferreira, 35, o novo preço prejudica muito quem tem um orçamento limitado. "Deixo de comprar alimentos ou às vezes até mesmo uma garrafa de água", afirmou. Segundo ele, que recebe R$ 800 por mês, o preço justo para o transporte público seria "no máximo R$ 1,50". Após o reajuste na passagem, Célio passou a gastar R$ 26 a mais por mês. 
O office-boy Rodrigo Oliveira, 19, reclama que continua recebendo o vale transporte no valor de R$ 3. "Os outros R$ 0,20 eu tiro do meu bolso. Vira e mexe deixo de comer um lanche na rua, porque para quem ganha R$ 700 por mês, como eu, o aumento pesa no orçamento."
Os novos gastos foram calculados pelos próprios personagens da reportagem.

Presos no protesto

Ao menos 20 pessoas foram presas durante o protesto de ontem na avenida Paulista e na rua da Consolação. Até a manhã desta quarta-feira (12), 13 manifestantes continuavam presos acusados de crime de dano, lesão corporal, desacato à autoridade e formação de quadrilha, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado.

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