quarta-feira, 12 de junho de 2013

Istambul: Polícia em força. Um morto e 50 advogados detidos

Imagens de advogados detidos pela polícia em pleno tribunal chegam pela rede social Twitter
A polícia anti-motim forçou a entrada na praça Taksim às primeiras horas da manhã desta terça-feira, varrendo em pouco tempo todos os sinais de protestos.  Mais de 50 advogados foram “brutalmente” detidos e um manifestante terá morrido com lesões graves na cabeça depois de ser agredido com um canhão de água. E tudo na véspera da prometida reunião entre o primeiro-ministro e os representantes da revolta popular. Depois de quase duas semanas sem ter acesso à praça, a polícia avançou em força sobre os activistas e manifestantes. Protegidos por carros blindados, capacetes e escudos, os agentes retiraram os cartazes e as barricadas que ali se encontravam e recorreram a balas de borracha, canhões de água e gás lacrimogéneo para fazer dispersar os manifestantes, que respondiam com pedras, cocktails molotov e fogo-de-artifício.
Mas também aqui os relatos divergem, com algumas pessoas a assegurar que os incitamentos à violência por parte dos manifestantes vinham de polícias à paisana. Bilal Oguz, um engenheiro activista de 31 anos, assegura que “cerca de 10 pessoas estavam a atirar cocktails molotov para os veículos da polícia. Mas essas pessoas tinham armas à cintura, não eram manifestantes, eram polícias à paisana”. Ao Guardian, o engenheiro acrescentou que as pessoas não são violentas e que deixaram a praça quando a polícia atacou, dirigindo-se ao parque.
As ordens, diziam as autoridades, eram de entrar na praça Taksim para limpar os cartazes e afastar os manifestantes. “Ninguém tocará no parque Gezi”, prometia esta manhã o governador de Istambul, Huseyin Ayni Mutlu. Mas ao início da tarde a Reuters dava conta da entrada de dezenas de agentes no parque Gezi, ainda que não tenham tentado expulsar os manifestantes que lá se encontravam acampados.
Ao Guardian, Constanze Letsch relata como a polícia tomou controlo de Taksim e como os manifestantes se juntaram para impedir as forças de segurança de entrar em Gezi. “As pessoas estão furiosas e decepcionadas com o governador que prometeu não tocar no parque”, diz a correspondente.
Advogados detidos à força
Mais de 50 advogados que defendiam o protesto a favor do parque Gezi e contra a carga policial foram detidos esta terça-feira no tribunal de Çaglayan. Segundo o site turco Hurriyet Daily News, uma Unidade de Forças Especiais invadiu o tribunal enquanto um grupo de advogados se preparava para ler uma declaração à imprensa; atirou-os ao chão e deu início a uma detenção “brutal”.
Fatma Elif Koru, uma das advogadas que escapou à detenção, descreve ao britânico The Guardian os contornos da acção policial: “Estávamo-nos a reunir para fazer a comunicação à imprensa quando a polícia atacou. Fizeram um círculo à nossa volta, empurraram-nos, deitaram-nos ao chão e até deram pontapés nas cabeças de alguns”.
A agência de notícias turca Dogan escreve que mais de uma centena de advogados reuniram-se em frente à esquadra para exigir a libertação dos colegas.
Manifestante morto
Entretanto chegam relatos de mais uma possível vítima mortal. Carroll Bogert, do Observatório dos Direitos Humanos baseia-se em informações obtidas na tenda de primeiros-socorros do parque Gezi, para dar conta do falecimento de mais um manifestante, que terá sofrido ferimentos graves na cabeça depois de ser atingido por canhões de água. A confirmar-se, trata-se do quarto manifestante morto desde que os confrontos com a polícia começaram a 31 de Maio.
Ao fim de 12 dias de protestos, quatro mortes, centenas de detenções e mais de 5 mil feridos, as tensões reacenderam-se esta terça-feira e tudo indica que o pico dos acontecimentos ainda está para chegar. O partido comunista turco, juntamente com “vários outros partidos e facções políticas”, convocou uma concentração para esta tarde – às 19h. Constanze Letsch está certa de que “vai aparecer muita gente”, já que cada noite tem estado mais movimentada do que a anterior. Resta saber como a polícia vai reagir.

Fonte: SOL

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