Levantamento
de bens publicado pelo jornal Tribuna Amapaense revelaria que o senador
Randolfe Rodrigues (PSol-AP) tem patrimônio orçado em R$ 5 milhões, em nome de
laranjas; nada disso teria sido declarado à Justiça Eleitoral ou à Receita
Federal
247 - ACUSADO DE RECEBER MENSALÃO
ENQUANTO ERA DEPUTADO NO AMAPÁ, AGORA O SENADOR RANDOLFE RODRIGUES (PSOL-AP) É
ALVO DE DENÚNCIA POR SUPOSTAMENTE TER MENTIDO PARA O TRIBUNAL REGIONAL ELETORAL
EM SUA DECLARAÇÃO DE RENDA. LEVANTAMENTO DE BENS PUBLICADO PELO JORNAL TRIBUNA
AMAPAENSE REVELARIA QUE O SENADOR SOCIALISTA TEM PATRIMÔNIO ORÇADO EM R$ 5
MILHÕES, EM NOME DE LARANJAS. LEIA A REPORTAGEM:
Depois de propina e convênio, Randolfe é suspeito de acumular patrimônio de forma duvidosaLevantamento de bens revela que Randolfe Rodrigues tem patrimônio orçado em R$5 milhões, em nome de laranjas. Nada foi declarado à Justiça Eleitoral ou à Receita
José Marques Jardim
Depois das
denúncias feitas ao Senado, Procuradoria Geral da República e Supremo Tribunal
Federal que tratavam do recebimento de propina recebida na época em que era
deputado estadual no Amapá pelo PT, o comportamento do hoje senador Randolfe
Rodrigues mudou completamente. Os ataques ferozes que fazia em sua defesa deram
lugar ao silêncio que reforça o jargão popular de que quem cala consente.
O nada a
declarar do parlamentar, que mesmo sendo do PSOL apóia o governo de Dilma
Rousseff, ao lado de seu ídolo da juventude, o também senador João Alberto
Rodrigues Capiberibe, se intensificou ainda mais depois que o perito da
Unicamp, Ricardo Molina, um dos mais renomados do País, concluiu o laudo e
comprovou que as assinaturas nos recibos que atestavam o pagamento de R$20 mil
vindos do governo de Capiberibe, entre 1999 e 2002 eram mesmo do então deputado
Randolfe Rodrigues.
Molina vai mais além e diz que não houve qualquer alteração
ou transposição que atestasse fraude. A comprovação do perito colocou em xeque
o posicionamento do Procurador Geral da República Roberto Gurgel, que ao ter
conhecimento das denúncias tratou de arquivá-las sem ter para isso, qualquer
embasamento ou comprovação de que seriam falsas. Gurgel simplesmente se apoiou
em uma posição pessoal e estritamente particular e argumentou não acreditar que
um parlamentar assinaria de próprio punho o recebimento de dinheiro que o
pudesse incriminar.
O
procurador foi alvo de ferrenhas críticas na imprensa nacional, principalmente
de revistas como a Carta Capital, que colocou em dúvida sua conduta à frente de
um dos órgãos mais importantes na garantia da aplicabilidade da Justiça
brasileira. Existiriam interesses no comportamento duvidoso de Roberto Gurgel
em querer defender Randolfe Rodrigues e João Capiberibe, denunciados por
propinagem? Os R$ 20 mil pagos a Randolfe Rodrigues durante os quatro anos de
seu mandato, como atesta o laudo de Ricardo Molina engordaram o salário do
parlamentar de simplórios pouco mais de R$ 4 mil, para quase R$ 25 mil ao mês.
Por ano, o rendimento seria algo em torno de R$ 300 mil. Em quatro anos de
mandato, o faturamento do político chegaria a algo em torno de R$ 1,2 milhão.
Nos primeiros dias após a denúncia protocolada na Capital Federal, a estratégia
de Rodrigues e Capiberibe foi o ataque. Deram as mãos e percorreram todas as
emissoras de rádio pagas e controladas pelo governo.
A essa
altura, o senador também já havia deixado de ser oposição ao PT, posicionamento
do PSOL nacional, e se colocado embaixo das asas do PSB, que é da base de apoio
a Dilma. Lá, ele estaria protegido das investidas de Fran Soares Júnior, autor
das denúncias em Brasília e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá,
quando Capiberibe era governador e Randolfe, deputado. Os dois senadores
trataram de tentar desqualificar Fran, desconsiderando que o que estava sendo
julgado não era quem ofertava a denúncia, e sim o que ela continha.
Para João
Capiberibe e Randolfe Rodrigues, o ex-presidente não tinha condições morais
para denunciá-los. Capiberibe só não lembrava em seu discurso moralista, de sua
cassação por compra de votos, que colocou o Amapá na história política do País
como o primeiro Estado a ter um senador da República expulso do mandato. Já
Randolfe não esbraveja mais nos microfones dos programas sustentados pelo
Estado governado pelo PSB, que ele, até pouco tempo criticava.
Mas a
história de Randolfe Rodrigues não para por aí. Ela tem novos capítulos. O
segundo episódio foi nova denúncia. Desta vez envolvendo o nome do senador em
irregularidades praticadas na época em que ele era presidente do Centro de Juventude
Chaguinha. Segundo o que chegou novamente às mãos do STF, Senado e Procuradoria
Geral da República, um convênio firmado entre o Centro e o governo, revelou
crimes que vão da falsificação de assinaturas a peculato, envolvendo novamente
o nome de João Capiberibe. Empresas teriam sido citadas para executar serviços,
mesmo nunca tendo trabalhado com o segmento especificado. Tudo constatado por
auditores do Tribunal de Contas do Estado. O relatório foi apresentado
incriminando Randolfe e Capiberibe, mas curiosamente as contas foram aprovadas,
o que resultou no afastamento de altos funcionários do TCE e até conselheiros.
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