Da Coluna de Fernando Rodrigues, para a Folha de São Paulo
BRASÍLIA - Só um surto de autoengano leva a oposição a acreditar que o raciocínio "o Brasil está bom, mas pode melhorar" vai se disseminar pela maioria do eleitorado no ano que vem --e será suficiente para destronar o PT do Planalto.
Esse voto racional nunca aconteceu em nível nacional no Brasil moderno. Aliás, ocorreu o oposto. Em 1986, qualquer pessoa bem informada sabia que o Plano Cruzado já era. Mas o PMDB ganhou quase tudo.
Em 1998, o Plano Real estava condenado com o seu câmbio engessado. Mas Fernando Henrique Cardoso foi reeleito presidente.
A única chance de a oposição vencer em 2014 é se acabar a sensação de bem-estar da maioria dos eleitores. A economia desempenha um papel relevante na construção desse cenário, embora não seja único. As coisas pioram para a oposição porque a profusão de indicadores ruins nos últimos dias não garante um cenário de desastre absoluto até o final do ano que vem.
É evidente que o atual crescimento medíocre terá impacto mais adiante. A partir de 2015, com certeza. Só que a eleição já terá passado.
Consultado, o marqueteiro oficial João Santana, o 40º ministro, deu risada sobre a hipótese de a inflação tirar Dilma Rousseff do Planalto. As pesquisas do governo indicam, de fato, um ruído razoável na mente das pessoas sobre a alta de preços, sobretudo de alimentos. Mas nesses mesmos levantamentos, a presidente é vista pelos eleitores como a mais apetrechada para tratar desse problema --bem à frente de todos os candidatos de oposição.
Nesse ponto, não custa repetir a ressalva de sempre: falta muito até outubro de 2014. Ainda assim parece ter se instalado no noticiário uma sensação de jogo zerado. Talvez pelas derrapadas econômicas e pela presença midiática dos pré-candidatos de oposição. Tudo somado forma uma miragem. Por enquanto, Dilma segue como favorita.
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